sábado, 27 de janeiro de 2024

5ª Quinzena da cidadania promove tertúlia sobre “Caminhos para o empoderamento da mulher”

                                                        


“Novos caminhos: Mulheres, Cultura e Criatividade” foi tema de conversa entre cerca de 30 representantes de mulheres das comunidades do distrito de Lembá. A iniciativa enquadrou-se na quinta quinzena da cidadania que terminou esta sexta-feira (26/01).

A tertúlia foi um momento de troca de experiências, para falar de preocupações e desafios, assim como da necessidade de se organizarem em rede para encontrar soluções em conjunto, na perspetiva do seu empoderamento económico e social.

Por exemplo, a empreendedora, Iva Rodrigues, manifestou-se animada com o rumo do seu negócio.

“Antes fazia doce de coco, que dava-me muita vantagem. Agora faço gelado. Não tenho medo de trabalho. Posso amarrar 300 plásticos de gelado agora. Tem saída. Eu guardo sempre algum dinheiro. Quando o negócio fica fraco, assim posso retomar. E vou terminar meu curso este ano”, explicou. 
Iva já tinha feito uma formação em gestão.

A literacia financeira foi igualmente abordada. De momento, não há nenhum banco no distrito. Xiquilá, nas suas diversas modalidades, é a única alternativa para fazer poupança. Um grupo de amigos ou colegas de trabalho definem as regras. Ou seja, o montante da contribuição e o calendário rotativo de receção. Não há juros, nem comissões. É uma espécie de um por todos e todos por um. Este modelo está generalizado, nomeadamente na administração pública.

“Assim que eu recebo, tiro 500 Dobras e pago xiquilá. Quando chega a minha vez de receber, compro algumas coisas para casa… gasto de acordo com as minhas necessidades. Assim é minha poupança”, disse uma das participantes, que trabalha na fábrica Fluta Non (Nossos Frutos).

Algumas são pequenas agricultoras e o roubo nas suas parcelas de terra tem sido uma grande dor de cabeça. Maria de Lurdes Cabral herdou um pedaço de terra da sua mãe. 

“ Planto milho, mandioca e batata. Mas os ladrões não deixam. Sou mulher, não tenho marido para ajudar-me. Quando sair do trabalho às 17 horas vou com a minha vizinha ver o campo, porque gente de fora está a roubar muito. Neste momento, é de colheita de milho e já estão a roubar. Estão a tirar milho com lanterna. Há dias, lá na Generosa roubaram 5 cabras, de noite, com vizinhos no quintal. E não se sabe, até agora, quem foram os autores. Este é o problema de São Tomé. A gente gasta para os outros. Já chega”.

Contudo, a resiliência e a perseverança continuam presentes.
                                                                     



“Eu tenho uma parcela de terra. Eu mesmo faço a limpeza do meu terreno, quebra de cacau com a ajuda do meu filho. Trabalhava desde 12 anos na empresa Ribeira Palma Praia e quando distribuíram deram-me uma parcela. Era um dependência de Ponta Figo. Hoje, tenho uma boa vida. Criei sete filhos. Quatro rapazes viajaram, duas meninas saíram com bolsa de estudo, tudo com o meu lote. Pertenço a rede de produção de cacau biológico. Eu vivo mais de agricultura” disse Arnalda Ramos de 58 anos.

Na hora do balanço, as participantes consideraram que o encontro foi interessante.

Rebeca Carvalho, assessora da Câmara Distrital para a área do Turismo, destacou um aspecto “muito importante”.

“Como a mulher deve ser resiliente em vários domínios. Estamos a falar não só do empreendedorismo, mas também de como unir forças para resolvermos os nossos problemas. Aprendemos muito hoje e vamos pôr em prática para ajudar-nos a nós próprias, quanto à sociedade em que estamos inseridas”.

Liudimila Leal, membro da Associação de Mulheres Juristas e facilitadora da tertúlia reconheceu que a “interação foi muito interessante. As mulheres falaram não só dos seus problemas, mas também do seu modo de vida. A mulher pratica naturalmente o empreendedorismo, mas às vezes podem não saber tirar o melhor partido. Trouxemos algumas dicas e demos a conhecer as atualizações feitas no mundo sobre o empoderamento feminino e como é que elas devem se posicionar para participar no desenvolvimento socioeconómico da mulher”.

Atividade idêntica realizou-se em Caué, no último dia da quinta Quinzena da Cidadania.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Palestra sobre Direitos Humanos e Cultura em Caué



Depois de Mé-Zochi a caravana da 5ª Quinzena da Cidadania rumou a zona sul do país, mais concretamente a cidade de Angolares para um intercâmbio com os alunos da escola secundária local. 
“Cultura e Direitos Humanos” foi o tema central de conversa aberta de jovem para jovem. Gisela Sousa e Sokeyna Santiago, das associações dos estudantes da Escola Portuguesa e do Liceu Nacional, conversaram com os alunos sobre as temáticas em foco.

Foi um ambiente discontraído e de muita interacção em que os alunos ficaram a conhecer os artigos da Convenção dos Direitos Humanos , sobre a importância de se respeitar o outro e alguns foram contando o que têm visto na comunidade.
“ Aqui não tem muitos casos de agressão física ou violência contra mulher. Mas muita gente trata mal os mais velhos. Quando eles estão a atravessar ninguém vai ajudar porque pensam que são feiticeiros”, disse Euridice Mendes.

Dudene Kapela outra aluna do 12º disse que está “ triste com o país pelo facto das pessoas ricas não irem para a cadeia. Por exemplo um senhor foi preso injustamente e acusado de roubar banana só porque ele é pobre. E depois vieram descubrir que não foi ele. Acho que isso também é violação dos direitos Humanos”.

“ Problema do país é que a justiça não é igual para todos. Está na lei mas não se vê. Doido bateu uma senhora aqui no distrito e ninguém ligou. Quando o mesmo doido agrediu uma pessoa com condições, a polícia veio e levaram o doido para a psiquiatria. Isso é justo?”, questinou Kilza Gomes.



Depois de partilha de histórias e conhecimentos, os alunos mostraram-se satisfeitos com a iniciativa da organização da 5ª Quinzena da Cidadania.

“Eu gostei de actividade e aprendi que todo mundo tem que ter direito igual. Filho de pobre ou de rico tem mesmo direito de ir para a escola”, avançou Marcos Nicolau.

“Eu gostei e aprendi que nós jovens devemos falar mais, ajudar os mais velhos. Eu aprendi que devemos lutar para combater essa ideia de que quem é rico tem mais valor do que os pobres. Em relação aos mais velhos temos que ajudá-los e fazê-los ter vontade de viver de novo e de contar histórias", Lídio Fernandes.

Eduardo Elba, da FONG-STP na sua intervenção para os mais novos explicou o objectivo deste evento e que a equipa se deslocou a Caué no âmbito da Quinta Quinzena da Cidadania que está a decorrer no país.

“E a juventude sendo a grande maioria no país e tendo em conta que Caué é um distrito forte em termos de cultura resolvemos vir para a escola falar sobre estes assuntos com a juventude. E por isso é sempre importante falarmos um pouco sobre a importância da cultura na nossa sociedade e também sobre a situação dos Direitos Humanos aqui no distrito de Caué e no país. Estamos a levar esta actividade para alguns distritos para dispertar a consciência dos jovens”, referiu Eduardo Elba.

As oradoras por sua vez, congratularam-se com a experiência e o ambiente vivo na escola.

“ É importante haver sempre este tipo de actividade para compartilharmos ideias. É um desafio para mim e aprendi bastante com eles. É a partir dos jovens que começa a mudança “, disse Gisela Sousa
Sokeyna Santiago achou a palestra “ super interessante, os alunos participaram bastante e aprenderam sobre os dieritos humanos que é algo que não se fala muito. A ideia da organização foi boa. Acredito que a mensagem foi passada bem”, sublinhou.

Domitilia Sousa da Associação das Mulheres Juristas fez um balanço positivo da actividade. "Abordaram questões do dia-a-dia, alguns fizeram retrato da sua comunidade e foi bom esta troca. Saímos daqui aprendendo também algumas coisas do distrito de Caué e a forma como os jovens pensam”, explicou.

Na recta final da 5ª Quinzena da Cidadania esta parceira referiu ainda que o balanço tem sido positivo, uma vez que “ abordamos assuntos de áreas pouco financiadas como Cultura e Direitos Humanos. Estamos a exercer a cidadania activa, intervindo e fazendo sobretudo a juventude falar e dar o seu contributo” concluiu Domitilia Sousa.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Alunos da escola Maria Manuela Margarido falam sobre os Direitos Humanos



As actividades da segunda semana da quinta Quinzena da Cidadania arrancaram no distrito de Mé-Zochi, na escola Maria Manuela Margarido, onde os alunos do 12.º ano participaram numa palestra sobre os direitos humanos.

“Nós queremos que vocês entendam que todos temos direitos e deveres. E sabendo do nosso direito, conseguimos nos impor e dar o nosso contrituto a sociedade. Vocês, os alunos têm que participar mais”, explicou Arminda Rolim uma das oradoras.

Durante a actividade, questões como maltrato aos idosos, agressão e impunidade também foram afloradas.

“Não podemos nos esquecer dos acontecimentos de 25 de Novembro de 2022. Isso é que despertou a consciência da sociedade civil para as questões dos direitos humanos, numa sociedade democrática isso não pode acontecer. Foi uma violação aos direitos humanos”, disse Arminda Rolim. "O país não tem dono como muitos pensam, por isso tempos que contribuir e dar a nossa opinião”, concluiu.

Por seu lado, Sokeyna Santiago, da Associação dos Estudantes do Liceu Nacional, falou sobre a Convenção dos Direitos Humanos. De jovem para jovem Sokeyna Santiago explicou detalhadamente os 30 artigos da Convenção e da necessidade de cumpri-los no dia-a-dia. Para esta jovem líder o momento da juventude é agora.

“Nós, enquanto jovens, estamos a notar que os Direitos Humanos estão a ser cada vez mais violados no país. As normas não estão a ser aplicadas e enquanto jovens devemos ter uma voz, uma intervenção. Se não o fizermos hoje, vai ser difícil fazê-lo mais tarde”, avançou.

Os alunos classificaram a palestra de gratificante.

“ É uma iniciativa muito boa porque veio nos ajudar a conhecer mais sobre os Direitos Humanos. Eu consegui captar que todos temos direitos, mas é preciso respeitar o próximo. Aprendi que também é importante respeitarmos e cuidarmos das nossas avós e não chamá-las de feiticeira“, disse Edmilson Santiago.



Para Erica Costa a palestra foi “muito elucidativa em relação aos Direitos Humanos. Ouvi coisas que não aprendemos na escola e isso foi bom, principalmente sobre a forma de tratar os mais velhos”, disse.

Durante a actividade os alunos que mais se destacaram e responderam as questões colocadas sobre os Direitos Humanos receberam t-shirts da 5ª Quinzena da Cidadania.

A palestra sobre os Direitos Humanos será estendida a escolas dos distritos de Lobata e Caué.

sábado, 20 de janeiro de 2024

As mulheres nas manifestações culturais em São Tomé e Príncipe - uma exposição de Lourenço Silva



A mostra com 20 imagens captadas pelas lentes do repórter fotográfico, Lourenço Silva, retrata a presença feminina desde o Socopé à Dêxa, passando pela Ússua, Puita, Jogo de Cacete ou Bligá a Auto de Floripes, entre outras.

“Fui fazendo estes registos já há algum tempo, destacando, sobretudo, o à-vontade das nossas mulheres nas diversas manifestações culturais, como por exemplo, no Danço Congo. Outrora, era mais uma atividade dos homens, porque é muito intenso. Quando apareceu o Danço Congo feminino de Pantufo, fiquei muito entusiasmado”, disse o autor das fotografias. Pantufo é uma vila costeira do distrito de Água Grande, a 3 km da cidade capital.

Para o estudante Onésimo Costa esta exposição é importante, porque “chama a nossa atenção sobre as manifestações que ainda estão presentes na nossa cultura, embora sofrendo algumas influências. Isso precisava ser mais valorizado e deve permanecer para que as próximas gerações possam conhecer a nossa tradição original”.

“O papel da mulher é relevante. Pelo que está aqui exposto, não há nenhuma manifestação em que a mulher não esteja presente. Assim sendo, considero que a mulher é a principal responsável pela preservação das nossas tradições”, sublinhou.

Amaura Silva, estudante de Matemática, por sua vez, qualificou esta amostra de “grande valia, porque antigamente, a mulher não fazia parte de algumas manifestações, como na Tragédia de Marquês de Mântua ou Tchiloli. As personagens femininas eram assumidas por homens. No Danço Congo também. Hoje, já vemos que elas começaram a ser integradas e o envolvimento das crianças, nomeadamente meninas também é importante, neste intercâmbio entre gerações”.

A herança do período colonial começa a ser invertida. De facto, “a situação agudizou-se com o ‘Estado Novo’ com o slogan ‘Pátria, Família e Nação’. E o papel da mulher na sociedade diminuiu consideravelmente. Com isso, um número muito reduzido de famílias abastadas enviaram as filhas para fazer no estrangeiro cursos para ensino primário e enfermagem. No aspecto cultural, a participação era muito reduzida. É de salientar que nas atividades folclóricas apenas uma mulher, a Floripes, na peça Auto-Floripes desempenhava essa função”, lê-se no texto elaborado pela Direção da Cultura, relacionado com a exposição.

No quadro da V Quinzena da Cidadania centrada na “Cultura e Direitos Humanos”, os organizadores quiseram destacar a participação das mulheres nas manifestações culturais do arquipélago.

A exposição está patente no refeitório da Faculdade de Ciências e Tecnologias, um dos pólos da universidade pública.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

"Um novo tchiloli" - as mulheres no Tchiloli, por Dário Pequeno Paraíso



A exposição fotográfica “Um novo Tchiloli” retrata a história das raparigas da localidade de Cachoeira que decidiram interpretar o tchiloli numa versão totalmente feminina.

Segundo o artista DárioParaíso, “continuamos a ver os homens a fazerem as manifestações culturais inclusive os papéis das mulheres. Então na altura estava a fazer um trabalho sobre as manifestações culturais e descobri este grupo só de mulheres na Cachoeira”, explicou.

O Tchiloli é uma peça teatral inspirada nos textos medievais - Tragédia de Marquês de Mantua e do Imperador Carlos Magno escrito por Baltasar Dias no século XVI. No país existem cerca de 15 grupos e todos eles têm apenas homens a interpretar todos os papéis femininos. O grupo de Tchiloli de Cachoeira existe há cerca de cinco anos e vem lutando pela sua afirmação.



O artista avançou ainda que “elas fazem todos os papéis e isso visa mudar as coisas. São gerações novas a querer fazer diferente. Acompanhei todo o processo e o interessante é que toda a comunidade apoia, dá suporte e orgulha-se destas mulheres”, referiu Dário Paraíso.

O trabalho levou cerca de seis meses para estar pronto e cativou o público que se dirigiu ao Centro Cultural Português.

“O Dário tem um olhar muito inclusivo sobre a participação da mulher sobretudo no Tchiloli que é de certa forma curioso e interessante para os tempos actuais onde há uma necessidade muito grande de igualdade de género” disse Olavo Amado.

A embaixadora de Portugal em S. Tomé e Príncipe, Cristina Moniz, mostrou-se radiante com o que viu sobretudo com o papel e postura das jovens do Tchiloli. “Parece-me que são mulheres muito fortes em geral. Mesmo que estejamos a falar de um grupo que normalmente é mais vulnerável, aqui aparecem com uma grande imagem de força e postura. Acho curioso e o artista soube captar estas representações muitíssimo bem", frisou.

Além da exposição, foi exibido no CCP um documentário sobre o Thiloli feminino e as outras manifestações culturais do país; actividade enquadrada na 5.ª quinzena da cidadania que decorre no país até ao dia 26.

A exposição intitulada “Um novo Tchiloli” estará patente no CCP até a próxima sexta-feira.

Ainda durante a actividade exibiu-se também o documentário “ Novos caminhos- Mulheres , Cultura e Criatividade”. O momento serviu também para uma conversa aberta com o artista Dário Paraíso e a professora Sónia Carvalho.


Segunda edição do Índice de Percepção da Corrupção em S. Tomé e Príncipe apresentado na Quinzena da Cidadania


A segunda edição do Índice de Percepção sobre a Corrupção e Governação foi apresentado ao público na Universidade Pública de São Tomé e Príncipe no quadro da 5.ª Quinzena da Cidadania que decorre no país até a sexta-feira. Cerca de cem pessoas entre magistrados, procuradores, professores universitários e advogados foram inquiridas neste processo.

O Índice de Percepção da Corrupção refere que as pessoas acreditam que a corrupção cresceu “nos dois últimos anos devido à falta de autoridade do Estado, impunidade e clientelismo político, havendo a perceção de descrédito e de que as instituições judiciárias operam em prol ou em favorecimento da classe alta”, lê-se no documento.

São Tomé e Príncipe é dos poucos países que subescreveu quase todos os pactos internacionais a nível do combate a corrupção, mas o grande problema é o “funcionamento das instituições e a aplicação dessas leis. As pessoas inquiridas entendem que a corrupção aumentou muito e que nada é feito aos corruptos”, explicou Ernesto Nhanale, coordenador da edição.

Ernesto Nhanale avançou ainda que há um entendimento “de que as instituições do setor judiciário não dão seguimento às denúncias ou indícios de ilícitos criminais”. O país tem legislação suficiente em matéria de criminalização, mas faltam condições para a investigação de crimes ligados a corrupção.

“São crimes que envolvem métodos e técnicas cuja forma de investigação nós ainda não temos. Por exemplo, escutas, buscas e apreensões de documentos, contas bancárias, transacções financeiras que envolvem, muitas vezes, países terceiros. Tem que haver meios e recursos”, disse Vera Cravid, Procuradora-geral Adjunta do Ministério Público e representante da Associação São-tomense das mulheres juristas

A magistrada avançou ainda que o combate à corrupção no país exige a“ mudança de mentalidade. Pois a forma de ser dos são-tomenses nos prejudica não só na matéria de corrupção mas também nas questões de educação. É preciso uma estratégia. A falta de lei de protecção a testemunha é outro entrave que nós temos, porque estamos num país em que todos se conhecem. Alguma coisa está a ser feita mas ainda nos falta muito”, disse.



O índice recomenda a necessidade de investir no departamento de investigação e acção penal do ministério público, com recursos financeiros, humanos e tecnológicos especializados, para que a intervenção seja mais eficaz.

“ Recomendamos também o acesso as leis de informação, implementação de quadro legal, mudança da cultura, porque o governante deve perceber que dar acesso a informação não é só uma questão de transparência é contribuir também para o empoderamento das pessoas e reforça as nossas responsabilidades. Tudo isto estimula o desenvolvimento e o bem estar”, concluiu Ernesto Nhanale.

Recomenda ainda o estudo o “apoio as organizações da sociedade civil a nível técnico e financeiro, para permitir reforçar a sua capacidade de intervenção no domínio da luta contra a corrupção e na promoção da transparência na gestão de bens públicos”.

A apresentação do índice ao público contou com a ausência de decisores e pessoas ligadas a instituições de direito que pudessem elucidar melhor a plateia sobre as políticas, medidas e o que está a ser feito de concreto para a credibilização da justiça e travar a corrupção.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Apresentados projectos co-financiados pela União Europeia em S. Tomé e Príncipe



Os três projectos, nomeadamente “Melhor Governação, Mais Direitos, Mais Cidadania, “Plataforma de OSC para Gestão Delegada” e o “Fortalecimento das OSC de mulheres em São Tomé e Príncipe", obtiveram o co-financiamento da União Europeia no âmbito da linha de reforço das organizações da Sociedade.

Os três projectos cujo financiamento é de 300 mil euros cada, destacam áreas como Direitos Humanos, a boa governação, empoderamento, o reforço das capacidades das mulheres e o turismo responsável.

“O objectivo é financiar e reforçar as Organizações da Sociedade Civil- OSC nos processos de participação, debate público, governação local, controlo democrático e fortalecer as capacidades de intervenção destas organizações”, explicou Sónia Churra, representante da União Europeia no Gabão e São Tomé e Príncipe.

O projecto “Melhor Governação, Mais Direitos, Mais Cidadania desenvolvido pela ACEP , FONG-STP, a Associação dos Jornalistas Santomenses e a Associação Santomense de Mulheres Juristas tem a duração de três anos e visa a implementação de acções no âmbito da “monitoria de governação, criação de base para um possível observatório na área dos Direitos Humanos com antenas em vários locais do país. Actividades de comunicação, influencia política e capacitação sobretudos dos jornalistas também fazem parte do pacote”, avançou a coordenadora do projecto, Rita Cavaco. Segundo esta responsável em torno deste projecto serão realizadas três Quinzenas da Cidadania. 


quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Debate sobre “Cultura e Direitos Humanos”



“Cultura e Direitos Humanos” foi o tema central da 5.ª Quinzena da Cidadania e esteve em debate durante a conferência de abertura desta edição.

O escritor angolano Ondjaki, que não pôde estar presente, fez a sua intervenção via online, retratando a história de um viajante numa jangada no rio. O escritor e poeta falou sobre a importância dos governantes fazerem um bom diagnóstico: “Um mau diagnóstico atrapalha a governação. Os governos devem dignosticar os problemas, as sociedades, as necessidades das pessoas antes de partirem para as políticas públicas. É importante também trabalhar nos Direitos Humanos numa vertente do direito à educação e à cultura para que haja um ajuste mais perfeito. As pessoas são factores essenciais para a mudança”, disse.

Na sua intervenção a produtora e realizadora santomense Katya Aragão falou da importância dos filmes, das peças teatrais e os livros para a edificação da justiça e dos Direitos Humanos. “Eu acredito que valorizarmos a cultura é o ponto de partida para tudo. E a cultura inclui a língua, música, etc, e acho muito importante nós recuperamos aquele orgulho nacional que se sentiu quando se alcançou a independência”, frisou

A cineasta acredita que se “nos focarmos mais no país como nossa família, abandonar a cultura do “safar” que se tornou normal e apostarmos em quem podemos ser e através das artes e cultura podemos criar empregos e levar o nosso país além fronteiras. Educar é o que nós mais precisamos”concluiu Katya Aragão.



A jurista e activista social Domitilia Trovoada referiu na sua abordagem que é preciso termos no país “uma sociedade civil cada vez mais forte para termos um país mais livre, justo e igualitário”, disse. Para Domitilia Trovoada não obstante existir várias políticas para o processo de participação das mulheres, a nível da cultura ainda constatamos a debilidade da mulher são-tomense. Existe pouca “participação das mulheres nas manifestações culturais e por razões de subordinação as coisas continuam assim. Por isso é necessário quebrar o paradigma e evoluirmos para que haja mais participação das mulheres pois tudo isso faz parte da cidadania”, avançou a jurista.

Por seu lado, a investigadora na área de estudos culturais nos países de língua portuguesa Livia Apa falou da urgência de se criar uma cultura “vocacionada para os Direitos Humanos. Pois não é possível haver cultura sem direitos dos direitos. Cultura pode ser um indivíduo ou uma comunidade. Cultura é património e é uma característica única de cada lugar”, explicou.

Durante a sessão aberta sobre a “ Cultura e Direitos Humanos” vários contributos foram dados, todos eles enfatizando a necessidade de se fazer mais pela cultura e de se educar as crianças para a mudança da mentalidade.


“É preciso a construção do direito à cultura”, defende a presidente da ACEP na conferência inaugural da Quinzena



Na abertura da conferência da 5.ª Quinzena da Cidadania que decorre em São Tomé e Príncipe, no seu discurso a presidente da Associação para a Cooperação entre os Povos, Fátima Proença defendeu a necessidade de se construir direito à cultura no país.

“É algo que não é evidente que esteja garantido aqui há mais de 40 anos após a independência. Como nós aprendemos o papel da cultura, aprendemos também a importância dela como um acto de libertação e é isso que queremos que continue a acontecer”, disse Fátima Proença

A responsável da ACEP destacou ainda que é preciso construir uma cultura de direitos que “passa por escolas, passa pela sociedade civil, passa pela família e instituições diversas, mas que é uma construção conjunta de uma cultura de direitos e que nos parece ainda bastante limitada em São Tomé “, frisou Fátima Pronça.  

A realização desta conferência sobre Cultura e Direitos Humanos para a Federação das Organizações não Governamentais FONG-STP constituiu um passo para se remover ” obstáculos a convivência democrática. O país ainda enfrenta problemas de corrupção, impunidade, violência de género. A sociedade civil e cidadãos em geral podem contribuir para a mudança e para que políticas culturais sejam implementadas da melhor maneira possível por via da nossa participação” , avançou Cristiano Costa presidente desta organização.

Para a assessora de Cooperação do Centro Português de Cooperação, Celeste Sebastião, esta actividade é um fórum para a discussão de uma temática que é crucial para todos, salientando o papel que a “ cultura e as artes têm no despertar das consciências, na construção da realidade, contribuindo para o diálogo e debate social e para uma participação e cidadania activa. Os direitos humanos, um tema transversal, actual, pertinente, crucial na consolidação dos sistemas democráticos assentes na participação activa e inclusiva da sociedade civil e na criação de políticas eficazes que tenham em conta as necessidades dos cidadãos “, referiu Celeste Sebastião.



Esta 5.ª Quinzena representa ainda uma história de “compromisso há longo prazo”, destacou a presidente da ACEP , uma vez que nos últimos anos os domínios de “intervenção da FONG-STP têm vindo a alargar-se. Domínios que têm a ver com monitoria de políticas, direitos e a conquista de espaço de participação cívica e política das organizações da sociedade civil”, acrescentou Fátima Proença.

“Este evento representa o compromisso colectivo com valores fundamentais que transcendem fronteiras e une as sociedades. A cultura e sua riqueza, diversidade é um reflexo da alma de uma nação. Ao exploramos o tema Cultura e Direitos Humanos, reconhecemos a importância de promover uma sociedade onde a expressão artística floresce e os direitos de cada indivíduos são respeitados”, sublinhou Sónia Churra adida de cooperação da União Europeia no Gabão para São Tomé e Príncipe.

No quadro do programa desta 5ª Quinzena da Cidadania sob o lema “ Cultura e Direitos Humanos” está previsto a apresentação do 2.º índice de Corrupção e Governação em STP, inauguração de exposição sobre a participação das mulheres nas manifestações culturais e mulheres no Tchiloli.

Recorde-se que a 5ª Quinzena da Cidadania é organizada pela FONG STP, a Associação para a Cooperação Entre os Povos, a Associação dos Jornalistas Santomenses e a Associação Santomense de Mulheres Juristas. O evento que decorre de 15 a 26 deste mês tem como lema” Cultura e Direitos Humanos”.

A 5ª Quinzena da Cidadania é organizada no quadro dos projectos “Melhor Governação, Mais Direitos, Mais Cidadania” e “Observatório das Políticas e da Governação de São Tomé e Príncipe” e conta com o apoio da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.  

Consulte o programa completo




terça-feira, 16 de janeiro de 2024

5.ª Quinzena da Cidadania leva Feira do Livro a São Tomé



No quadro da 5.ª Quinzena da Cidadania, que decorre em São Tomé e Príncipe, está patente no Centro Cultural Português, uma feira de livros, onde se pode encontrar obras de diversos autores, tanto da literatura internacional, como de ciências sociais e livros de literatura infanto-juvenil. Os amantes da literatura africana poderão também deliciar-se com obras de escritores são-tomenses como São Lima, Francisco Costa Alegre ou Pedro Carvalho, bem como livros de Ondjaki, Mia Couto e José Eduardo Agualusa.

A feira do livro que estará patente durante 15 dias no Centro Cultural Português tem como propósito contribuir para a promoção da leitura no país.

Rita Cavaco, em representação da Associação para a Cooperação Entre os Povos, avançou que a feira tem uma oferta diversificada e foram livros “muito seleccionados, uma escolha que nós achamos que é muito rica. Temos mais do que um exemplar de cada livro e penso que os livros serão suficientes. São temáticas relevantes para o desenvolvimento do país e trouxemos também o que foi permitido dentro do orçamento existente. Os preços são os mais baixos que conseguimos, para que sejam mais acessíveis a todos”, disse Rita Cavaco.



O presidente da Federação das Organizações Não Governamentais-Fong STP é de opinião de que a feira é um palco privilegiado para cultivar espírito de leitura na cidadania e que os “livros de autores nacionais estão bem destacados na feira, o que é uma mais-valia. Temos ofertas variadas e encontra-se de tudo um pouco. O importante é adquirir um livro e a preço acessível”, frisou Cristiano Costa.

Para aqueles que se deslocaram ao Centro Cultural Português, o certame apresenta “uma bela escolha de livros. Livros para família mas também para quem gosta de ensaios. É uma iniciativa importante tendo em conta as dificuldades existentes para se pôr os livros a circular no espaço da língua portuguesa”, disse Livia Apa.



“Acho importante e é uma forma de habilitarmos em termos de conhecimento. E o importante é que há livros diversos”, disse Daniel Ramos. David Dias, um dos amantes da literatura, ficou encantado com a “ riqueza das obras patentes. Feira de livro é algo que quase não se faz no país, portanto é uma boa oportunidade. Além disso, tomei contacto com obras de escritores espectaculares como Mia Couto, Ondjaki, a feira está fabulosa. Eu espero que essa iniciativa possa repetir mais vezes”.

“Vi livros na área que fiz mestrado – estudos sobre mulheres. E para mim é bom recordar essas mulheres que contribuíram para a maior participação da mulher na vida política, social e económica. Penso que temos de criar grupos de reflexão e hábitos de leitura. Não gostamos de ler, o nosso dinheiro deve ser investido também no nosso conhecimento”, disse Domitilia Trovoada.

Ainda no quadro das actividades desta 5.ª Quinzena da Cidadania está previsto para esta quarta-feira a Conferência sobre a Cultura e Direitos Humanos.

De realçar que a 5.ª Quinzena da Cidadania é organizada pela FONG STP, a Associação para a Cooperação Entre os Povos, a Associação dos Jornalistas Santomenses e a Associação Santomense de Mulheres Juristas.

O evento que decorre de 15 a 26 deste mês tem como lema” Cultura e Direitos Humanos”. A iniciativa é organizada no quadro dos projectos “Melhor Governação, Mais Direitos, Mais Cidadania” e “Observatório das Políticas e da Governação de São Tomé e Príncipe” e conta com o apoio da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.